quinta-feira, 1 de abril de 2021

O que tenho feito na Pandemia, depois de 1 ano.


Por: Alessandro Buzo

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O que tenho feito, além de pensar o que vou fazer da vida em 2021, como vou pagar as contas "do mês".
Então, sou escritor, cineasta, produtor de eventos, apresentador, curador.
Desde quando larguei meu último emprego formal, de vendedor de alimento, na zona cerealista em São Paulo, em 2007, que vivo exclusivamente de cultura.
O que é viver de cultura: - Atuei na TV por 6 anos, fiz um pé de meia mínimo (casa própria, um carro quitado), autor de 16 livros, me proporciona vendas e palestras, como cineasta, diretor de 2 filmes, as vezes tem contratação de exibição com debate, como curador de eventos, já atuei junto a Vodka Absolut, Universidade Uninove, Ambev. De 2007 à 2019 tive uma loja física "Livraria Suburbano Convicto" e desde 2020 ele segue on line (www.buzo10.blogspot.com)... além de Stand da Livraria em eventos. Basicamente vivo disso, as vezes as curadorias salvam, as vezes uma palestra de cachê cheio, uma venda de livros no atacado (especializado em Literatura Marginal).
Quando começou a Pandemia (Março/2020), estava num momento de reformulação, tinha encerrado as atividades da Livraria Suburbano no Bixiga em São Paulo e isso fazia meus gastos mensais caírem, não tinha mais aluguel, estacionamento, alimentação e idas à capital com mais frequência, porque moro à 6 anos no Litoral Norte.
O plano era, mais leve de contas à pagar, 2020 ia focar em trabalhar e dar uma equilibrada na vida.
Mas basicamente estava, quando começou a Pandemia, sem dinheiro, estava esperando o carnaval passar para o "ano começar", mas o que venho foi a Covid 19 e iniciei meu isolamento social, com esposa e filho, na nossa casa em São Sebastião-SP.
Temi que a tal Pandemia durasse 3, 4 meses como estavam falando, não sei como viveria sem renda esse tempo.
Enfim, todo mundo sabe o que venho depois, em vez de meses, já dura 1 ano.
Como me virei e sobrevivi ??
Sempre, cada ano, tem alguma coisa que salva... e quem diria que justamente os livros da Livraria Suburbano, no primeiro ano sem loja física, iriam começar a vender, no varejo, comecei a anunciar com frequência nas redes sociais e vendi bastante, pra todo país. Mas o que "salvou" mesmo, foram vendas no atacado, tiveram "algumas" vendas grandes, não vou citar os compradores, mas vendeu.
Fora isso, em novembro/2020 fui contemplado na Lei Aldir Blac em São Sebastião-SP, pelo Sarau Suburbano Litoral Norte, como espaço cultural.
Assim sobrevivi e paguei as contas, no 1 ano de Pandemia.
O que faço ??? Além de serviços domésticos, que esposa não é empregada e trabalhos no quintal....
Em vários momentos andei de Bike (sempre cedo, que tem pouca gente circulando), as vezes jogo fut-tênis com meu filho no campinho no quintal.
Fui pouco à Praia, por opção, pra não dar mal exemplo. Apesar de morar a 600 metros da praia.
Li livros, menos do que gostaria, tem horas que dá um bloqueio, mas li alguns livros, atualmente tô lendo o terceiro de 2021, EVAIR - O MATADOR, sobre o ex-jogador e ídolo Evair do meu time Palmeiras.
Vi futebol na TV, quando voltou a ter futebol, gritei campeão 3 vezes "em casa", Paulista, Libertadores e Copa do Brasil. O time estar nessa fase incrível, deu uma aliviada.
Nunca assisti tantos filmes e séries (acaba tomando tempo de leitura), maioria na Netflix, Vi muita coisa, tenho um BLOG onde comento o que vejo: www.buzocinema.blogspot.com
Hoje 1 de Abril de 2021, acontece a edição 99 da Live Buzo Convida no Instagram @Alessandrobuzo , a primeira foi em 10/4/20, ou seja, vão ser 100 entrevistas em 1 ano, só com grandes nomes da cultura, jornalismo e sociedade. Foi a forma de não ser esquecido, na cultura, quem não é visto, não é lembrado.
Para encerrar, no social a gente sempre buscou em São Paulo, repasse de cestas básicas na CUFA Heliópolis e distribuímos algumas no Itaim Paulista (Zona leste de SP) e aqui no Litoral Norte onde moro, periferia é periferia em qualquer lugar. Isso aconteceu várias vezes e sempre foi muito gratificante ajudar o próximo, ouvir um: - Deus abençõe. Paga todo corre. Já agora em março/2021, lançamos a campanha SUBURBANO SOCIAL para conseguir doações em outros locais e pessoas, além da CUFA. Já fizemos UMA compra e distribuição e semana q vem uma segunda compra. Me motiva muito fazer esse trabalho num momento em que tantas famílias passam por dificuldade.
Essa é a minha rotina na Pandemia, manter a sanidade mental, tentar não se contaminar pelo Covid, até aqui conseguimos.
Tenho mantido o isolamento social desde o começo, a gente até sai de casa, mas só pro essencial (mercado, banco e correio), teve ainda idas ao médico, esposa fez uma cirurgia dentro desse período no Hospital Metropolitano da Lapa, na capital, então foram idas em consultas, exames e a cirurgia em si, que só foi feita porque temos (a trancos e barrancos), convênio médico.
Sim, sou um privilegiado, de ter carro, casa, convênio, mas é preciso estar sempre alerta, pra não desanimar e nem cair em depressão. Foram pouquíssimos encontros sociais nesse ano, sempre, com pessoas que se cuidam também e pouca gente.
Não sei como será a partir desse ABRIL 2021 que começa hoje, porque tô no limite financeiro e zero perspectiva de trabalho, além das vendas de livros terem parado, só um pinga, pinga... nada no atacado, desde que virou o ano.
Meu trabalho é a cultura e a cultura está parado.
Mas acredito que Deus dá o frio, conforme o cobertor, segue o jogo.
Meus sentimentos a quem perdeu um amigo ou parente querido nessa triste e dolorosa Pandemia.
Todo meu repúdio a como o presidente Bolsonaro atuou (ou não atuou), nesse ano, pior impossível.
Tô aqui, vivo e na luta, com dias melhores e outros nem tanto, me manter com a mente sã é a missão.
Esqueci, final de 2020, de outubro à dezembro, lancei 5 livros em 3 meses, três meus como autor e 2 como organizador e co-autor. Como a mídia só cobre BBB, não deu na TV, nem no jornal, mas me orgulho disso e das 100 lives, que me rendem bons elogios.
Vacina Já.
Alessandro Buzo
escritor e cineasta