Alessandro Buzo, 39, é escritor e cineasta e apresenta, aos sábados, o "SP Cultura", no "SPTV", da Globo. Há cinco anos está à frente da Livraria Suburbano Convicto, nascida no Itaim Paulista, na zona leste, e hoje na Bela Vista, no centro. Além de encontros literários, vende livros, discos e roupas.
* Publicada na Revista São Paulo, anexo a FOLHA do dia 15/07/12
sãopaulo - Você ganha dinheiro com a livraria?
A livraria nunca me deu dinheiro. Principalmente lá no Itaim Paulista, onde ficou três anos no vermelho. Eu bancava o prejuízo do meu bolso. Lancei dez livros desde 2000, organizei seis coletâneas de escritores da periferia e tenho meu salário. Nada além disso.
Já pensou em fechar o negócio?
De jeito nenhum. Até porque essa ideia não é mais só minha, é do movimento. Um mês atrás, a coisa apertou e expus a situação no meu blog. A reação foi imediata: o Emicida, lá da Europa, em turnê, escreveu um texto convocando as pessoas a virem aqui comprar livros.
Já recebeu alguma ajuda pública?
Nunca ganhei um edital. Faço tantas coisas porque sou articulado, conheço pessoas. Nessa cena, uma mão lava a outra.
Como analisa a relação do poder público com a cultura periférica?
Ainda é muito tímida perto do potencial que a periferia tem a oferecer. Se o poder público investisse nesse potencial, essa galera poderia atuar em escolas públicas, ajudar a combater um monte de coisa ruim, como a onda do funk pancadão que prega o consumo de álcool. Mas existe, sim, algum diálogo: escritores e coletivos que fazem atividades em bibliotecas, além dos saraus e dos rappers que têm participado da Virada Cultural. Mas é muito pouco.
Acha que é o melhor momento da cultura periférica?
A mudança está em curso. A periferia não espera mais vir de fora, cada vez mais produz sua cultura em todas as quebradas do país.
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